Compreender o racismo e suas implicações, complexidades, em especial na ação profissional da psicologia, é um desafio, no entanto, à medida que nos permitimos, em conjunto, procurar por formas de entendimento, e também de mudança/ação, estamos potencialmente abrindo portas que nos ajudam a buscar um futuro emancipador e humanizado.
O racismo tem um impacto inegável na saúde mental de pessoas racializadas. Jovens negros e negras são afetados por problemas como depressão, ansiedade e suicídio mais do que jovens brancos. Os processos históricos de desumanização instituídos durante períodos coloniais onde pessoas negras eram escravizadas e torturadas, onde o genocídio de comunidades inteiras era prática banalizada, tem repercussão na construção subjetiva e de identidade de pessoas racializadas como negras, mestiças e indígenas.
Deste modo, infelizmente, é comum que estas pessoas tenham de lidar como sentimentos de inadequação, inferioridade e baixa autoestima, não necessariamente do mesmo modo que pessoas brancas são afetadas com estes problemas. É também notório que pessoas racializadas como brancas acabem por terem acesso a recursos e serviços mais facilmente, coma mais eficiência e eficácia.
Assim, compreender a forma como o racismo afeta a saúde mental implica não só análise teóricas ou comprovação, mas principalmente ações transformativas que visem buscar igualdade nos acessos e cuidados, bem como diminuição das disparidades que propiciam o surgimento de sofrimento mental de forma desigual nas experiências de pessoas negras e indígenas em comparação com as pessoas brancas.
Privilégio & fragilidade
A retórica de que somos todos iguais, que o racismo já foi ultrapassado, apenas mantém o status quo criado pela raça e a violência exercida por meio do racismo.
Com isso, fragilidade branca define-se por um sentimento de pertencimento que pessoas brancas experimentam e que dá conta de uma identificação contínua: em uma cultura dominada por referências brancas, a presença do branco é naturalizada como característica de espaços de produção de saber e poder, portanto a mensagem acaba por ser passada é que o privilégio de estar/ser é constituinte e direito daqueles que são vistos socialmente como brancos.
Ser visto/percebido como branco permite a uma pessoa o acúmulo de diversas vantagens sociais, mas também vantagens políticas e sociais. Na prática, esses privilégios, podem ser observados no que diz respeito aos acessos à educação, oportunidades de trabalho, habitação e saúde. Por conta desses sentimentos de pertencer tidos como intrínsecos ao “ser branco”, as segregações/diferenças raciais são normalizadas, e a solidariedade entre pessoas brancas serve para proteger as vantagens que acumulam socialmente.
Compreender o racismo e suas implicações, complexidades, em especial na ação profissional da psicologia, é um desafio, no entanto, à medida que nos permitimos, em conjunto, procurar por formas de entendimento, e também de mudança/ação, estamos potencialmente abrindo portas que nos ajudam a buscar um futuro emancipador e humanizado.
Psicólogo Clínico RUMO
Agenda agora a tua consulta online de psicologia com o Delso Batista e descobre como podem trabalhar em conjunto:
Comments