As guerras dentro de nós
- RUMO
- há 3 dias
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Lá fora, o mundo combate. Pessoas e povos são silenciados, oprimidos, destruídos. Mas, e se isso também acontecer dentro de nós? Quantas vezes tentamos calar partes internas que nos parecem perigosas, frágeis, feias ou erradas?
Lá fora o mundo está a arder. Na Ucrânia, Palestina, Rússia, Israel, Irão…, em tantas terras feridas, vemos povos a lutar pelo direito a existir na sua integridade, e alguns negando a legitimidade do outro, como se só pudesse haver lugar para um deles - como se nem todos tivessem o mesmo coração.
Lá fora, o mundo combate. Pessoas e povos são silenciados, oprimidos, destruídos. Mas, e se isso também acontecer dentro de nós? Quantas vezes tentamos calar partes internas que nos parecem perigosas, frágeis, feias ou erradas? Quantas vezes queremos eliminar uma emoção, rejeitar um desejo, sufocar uma voz interior — na esperança de manter o controlo?
Dentro de nós também há guerra. Partes que oprimem e partes que resistem. Forças que querem impor-se e outras que só querem sobreviver. Às vezes, sentimos que só uma pode ganhar. Mas quando uma parte tenta apagar a outra, perdemos o todo. Perdemos a paz. Porque o nosso campo interno é feito de todas as vozes — mesmo as opostas, as contraditórias, as indesejadas.
Quando reconhecemos a nossa outra face como também parte de nós, algo muda.

Deixamos de a ver como inimiga. Começamos a escutar. E nesse contacto, nasce um novo território: onde a diversidade interna é força, e não ameaça. Onde coexistir é possível. Onde viver inteiro é mais verdadeiro do que vencer por dentro.
A Teoria de Campo de Kurt Lewin e aprofundada na Terapia Gestalt, ensina que somos inseparáveis do nosso contexto. Tudo em nós nasce na relação com o mundo.
Talvez, ao trabalharmos estas guerras invisíveis em nós, estejamos a lançar sementes — no silêncio — para um mundo com mais espaço para todos.
Susana Soares
Psicoterapeuta Gestalt em formação
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