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O Mundo em quarentena. Qual o impacto e o que muda nas relações?

Depois de tudo não seremos mais os mesmos. Nenhum de nós o será. Há uma transformação que é necessária, que nos estão a pedir. Conseguem ouvir?



 

O Mundo e a sua transformação em quarentena


Transformação?

Sim, transformação é aquilo que a vida nos está a pedir. Transformação daquilo que somos enquanto pessoas, enquanto pais, filhos, amigos, colegas, vizinhos. E que essa transformação venha de dentro. Primeiro cá de dentro e só depois para fora.


E por isso mesmo tudo nos pede para ficar em casa, para recolher. Para olharmos para nós e aprendermos a lidar com a nossa ansiedade, com o nosso medo, com a nossa angústia e depois... só depois, com calma, lidarmos como medo e a tristeza de quem está mesmo aqui: a mulher e o marido, os filhos, os pais. E amanhã, com os vizinhos na porta ao lado e daqui a umas semanas com os colegas lá no escritório.


Que caos tão perfeito é esse que me pede que evolua? Que evolua enquanto pessoa, enquanto profissional.

Obrigando-me a ser paciente, mais tolerante e a perceber que tudo aquilo que conquistamos apenas tem valor quando é invisível: eu, tu, nós, as relações, a estabilidade, os laços e o conhecimento. Sem isso eu não suportaríamos esta tempestade. Que lição magnifica podemos todos ter.



Pessoa com as mãos na cara. Isolamento e quarentena


O impacto da quarentena e do distanciamento social nas relações


O Mundo está a pedir para pararmos para que ele possa respirar. Para que no período da nossa reflexão, ele possa recuperar oxigénio, limpar as ruas com a chuva, dar espaço e silêncio aos animais. Para que as cores voltem a ser cores... o azul, o rosa, o verde... todas as cores... E agora, com mais tempo podemos ajudar a Natureza na sua recuperação, respeitando. Os familiares percebem a importância da presença uns dos outros, os amigos entendem a necessidade do apoio e do suporte, os diretores das grandes empresas reconhecem a necessidade e o pilar que são os colaboradores, os negócios compreendem o fundamental que são os clientes. Os governos... bom, os governos percebem agora a importância de todos nós... das pessoas, da sua segurança, da sua saúde, da vida em sociedade.


No fim, acredito que sairemos mais humanos.

Como "parar" pode ajudar a lidar com a ansiedade e o medo?


Depois de tudo não seremos mais os mesmos. Nenhum de nós o será. Há uma transformação que é necessária, que nos estão a pedir. Conseguem ouvir? Procura dentro de ti, de olhos fechados e vais conseguir sentir. Ela começa em ti, depois em mim e por fim em todos nós.


Haverão marcas, certamente, O medo tolda-nos, a incerteza interroga-nos e sim, haveremos perdido muita coisa. Infelizmente, haveremos perdido outros, empregos, alguma confiança... tantas, mas tantas coisas. Mas o Mundo também nos está a pedir que aprendamos a fazer o luto.


Que entendamos que tudo tem um fim, nada é garantido e que não adianta fugir, fingindo que a morte, a destruição e o sofrimento não existem. Porque sim, eles existem! Mas há que crescer, saber chorar, saber sentir tristeza, fazer o luto e seguir em frente.


Acredito e sinto que me estão a pedir para me transformar. Para ser melhor: melhor pessoa, melhor terapeuta. Mais consciente, mais ouvinte e mais compreensiva.

E no dia em que voltarmos lá fora, nada será igual! O ar, os cheiros, a luz... será tudo diferente e possivelmente mais bonito, mais harmonioso.


Prepara-te, transforma-te. De dentro para fora porque quando voltarmos o Mundo vai pedir-te isso.


Catarina Bragança Nobre


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