Em contexto terapêutico, como no dia-a-dia, a emoção surge de forma intensa, precedendo os sentimentos e variando mediante as sensações e as perceções. Pode ser observável, pelos outros, através do não-verbal, e torna-se uma fonte de informação inesgotável e indeterminada.
No último artigo, sobre as Emoções (e como te ensinam sobre a vida), revimos a importância das emoções, pelas suas funções, como motores de mais vida, e fundamentais para a vivência plena, saudável e satisfatória das experiências que temos.
A inteligência emocional é a capacidade de gerir a esfera emocional, na relação connosco próprios, com os outros e o mundo – priorizando a autoconsciência, num primeiro momento e, em outro, uma maior consciência social, pelo aumento da responsabilidade, empatia e compaixão. A razão é, várias vezes, provocada e desafiada pela emoção, determinando atitudes e comportamentos, e a liberdade pode ser condicionada por certas tomadas de decisão.
A gestão emocional é uma aprendizagem pessoal. Todos sentimos emoções primárias e secundárias (nas suas variantes) e, o que "fazemos com", pode motivar como somos, ou melhor, como estamos, em determinado momento. É um processo único e diferenciado, pelas nossas diferenças e, assim sendo, as ferramentas, técnicas e habilidades, para maior gestão emocional, são uma descoberta da própria pessoa. Portanto, uniformizar ou impor técnicas e ferramentas, por mais espectaculares ou eficazes que sejam para uns, não pressupõe que sejam para outros. Nem tudo o que nos serve, serve aos outros e, olhar o outro, respeitá-lo na diferença, é fundamental para uma relação mais saudável e satisfatória - connosco, com os outros e com o mundo (como aqui explorado).
Este pode ser um ponto de partida.
O desafio é (re)descobrir quais as abordagens e estratégias mais indicadas, mediante as necessidades e prioridades, face a certo momento, contexto ou situação. A inteligência emocional é, na sua base, o reconhecimento da consciência emocional, essencial à construção de relacionamentos mais sólidos, espontâneos e plenos, tanto na esfera pessoal como profissional.
Porquê trabalhar a inteligência emocional:
- Aumento da autoconsciência
- Maior habilidade para perceber, avaliar e expressar emoções com precisão;
- Melhor integração dos diferentes estados emocionais;
- Aumento da empatia;
- Aumento do comprometimento;
- Maior consciência social
- Gestão de sentimentos que facilitem o pensamento;
- Maior habilidade para regular emoções – crescimento emocional e intelectual.
Aceitar, reconhecer e integrar certas emoções é um processo desafiante. Refletir sobre o que sentimos, pressupõem estar com as emoções base de certos sentimentos, por mais sofridos ou dolorosos que sejam. Compreender qual a função da emoção (como e para quê nos serve) é um dos melhores exercícios para desenvolver a inteligência emocional. A grande diferença poderá ser na forma como explorarmos as funções das nossas emoções (como as sentimos verdadeiramente) e é aqui que o apoio psicoterapêutico pode ajudar e fazer a diferença.
O autoconhecimento não tem um fim. Enquanto for objetivo, pode sempre existir trabalho a ser feito.
Igualmente, face ao sofrimento e dor psicológica, ou perante algum diagnóstico de doença mental, é fundamental que a intervenção psicoterapêutica seja sempre considerada, como parte do processo de prevenção e de promoção de mais saúde, ajuste e bem-estar.
Se já estiveste em alguma experiência menos agradável com um psicólogo ou psicoterepeuta, não desistas. Se puderes, experimenta com outro(s). Acredita que existirá um encontro que será satisfatório, criativo e potenciador de mudança - a tal que desejas. Mas, para isso, o encontro terá que ser genuíno e de total confiança. Pergunta uma indicação profissional a algum amigo próximo ou a um familiar. Faz a tua pesquisa. Entra em contato. Questiona-te. O processo e o trabalho psicoterapêutico é, sem dúvida, símbolo de coragem, autocuidado e autoresponsabilidade, por mais liberdade, autoconsciência, equilíbrio e saúde.
E se, neste momento, iniciar ou procurar ajuda especializada, não te faz sentido desafio-te a refletir sobre qual (e como) pode ser o teu espaço de harmonia, de reencontro contigo e com o mundo?
Entre tantas possibilidades, existem pessoas que escrevem, outras desenham ou pintam. Há quem corra e quem caminhe. Faça yoga ou dance. Há quem goste de estar na natureza ou faça jardinagem. Há quem goste de estar no silêncio, ou estar num convívio, com bons amigos. Há quem leia ou apenas escute música. Há quem medite. Qualquer movimento que resgate, com atenção e sem fugas, aquele lugar seguro e de paz, pode ser frutívoro, já que estás contigo.
E agora? Como podes escolhes estar contigo?
Co-Founder RUMO
Psicóloga Clínica e da Saúde
Referências:
Goleman, Daniel (1996). Inteligencia Emocional.
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