Acordar é como o sol nascente.
No início tudo parece ser muito escuro, como vislumbres de consciência que começam a iluminar as sombras. Emergentes de um sono longo, os nevoeiros e véus que nos encobriam dissolvem-se e toda a planície de mente surge como um terreno no seu todo.
É tranquilo. A vagareza do corpo, ainda sonolento, a pouco e pouco vai deixando gerar dentro de nós muitas conversas internas. Há uma intimidade consigo mesmo; você como o núcleo do seu Ser. Durante estes primeiros minutos, a mente e o cérebro estão muito receptivos à influência. Se, por hipótese, um alarme soou alto e de rompante, você provavelmente irá sentir-se abalado por algumas horas. Por outro lado, se alguém que você ama, de repente começar a dizer-lhe o quanto ele ou ela gosta de si, o mais certo é ficar a sentir-se bem por horas.
Assim sendo, precisamente nestes momentos delicados e encantadores dos primeiros ‘sopros’ da manhã, porque não influenciar positivamente a sua mente (e a si mesmo)?
Há um provérbio antigo que diz que a nossa mente adquire a forma do que quer que repouse sobre ela. Para melhor ou para pior! Em vez de repousar sobre ela planeamento excessivo, calculismo, preocupação (que simplesmente quer dizer “pré- ocupação”, ou o nos ‘ocuparmos’ com algo que ainda não aconteceu), stress, etc., porque não reservar uns escassos minutinhos do seu tempo para receber e abraçar algo de mais positivo?
Como se sentiria se desse para “reconfigurar” o seu dia para melhor (especialmente se for uma pessoa propensa, como muitos, a alguma ansiedade ou aos chamados “blues” matinais)? Desta forma, à medida que o seu dia se desenrola, poderá sempre que necessário retornar aos sentimentos e intenções que estabeleceu para si quando acordou. Chama-se a isto criar uma “ancoragem” emocional… para, de quando em vez, poder reabastecer-se e recorrer rapidamente à “box” na estrada da vida. :)
Vejamos como:
Primeiro de tudo, esta prática tem a grande vantagem de ser muito natural e simples. Quando acorda, ou seja no estado de vigia, procure descansar primeiramente (primeiro a mente) a mente e repousar nela duas ou três coisas que são boas para si ou que lhe fazem sentir bem.
Suavize.
Procure um sentimento de refúgio e deixe-o escorrer dentro de si, como que “inundando” (primeiro) a sua mente, depois o seu corpo, pelos rios do sangue, percorrendo sistemas, tecidos e órgãos. O cérebro tem necessidades muito específicas, como por exemplo evitar a dor e sentir-se recompensado. Assim, à medida que formos atendendo a elas, procurando que ele natural e progressivamente se “anexe” a estes sentimentos, criamos desde logo as condições para ser ele próprio (sem um grande esforço activo, consciente ou “deliberado”) a buscar estes padrões, por repetição. No modo ágil que o caracteriza, o cérebro começa a abastecer o corpo e a reparar as “fissuras” mentais, da mente que o habita, para a procura e o alcance de um senso básico de paz, de amor, de felicidade, de reparação, de integração. Em suma, de cura, de saúde e de bem-estar.
Agora que já sabe, não se esqueça que o cérebro / mente é como uma esponja, durante os primeiros minutos, depois de acordar. Como tal, procure encontrar a cada nova aurora um sentido de paz (tranquila, segura, não em guerra com algo ou alguém), felicidade (que não é só contentamento), e amor (partilha, entrega, benevolência, compaixão… por si mesmo e pela espécie da qual fazemos parte, que bem precisa…).
Assim que os tiver encontrado, agracie o momento.
Eles são um (e “o”) presente.
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