Dei por mim a pensar, nos últimos tempos, sobre “isto de ser livre”. O que significa? Seremos nós completamente livres? Nos nossos pensamentos, nas nossas ações e comportamentos diários? A nossa liberdade depende completamente da nossa vontade?
Muitas são as definições associadas ao conceito de liberdade. Pode ser uma condição – a possibilidade de agir, consoante as leis da natureza -, e também um direito – sem coerção ou impedimento – dentro da lei vigente. Igualmente, liberdade, é sinónimo de livre arbítrio e da própria capacidade e vontade do ser humano em ser autónomo, movido pelas suas próprias motivações. No Estado atual, meio que invisível, o sentimento de liberdade, torna-se fundamental, para qualquer um de nós porque nos permite desenvolver, amadurecer, potenciar as habilidades e capacidades para um maior conhecimento e consciência.
Pensei em mim e nas pessoas que me rodeiam, na minha realidade.
Quantos de nós somos afetados por determinadas tradições? Preconceitos? Ou sofremos, e somos coagidos, por utilizar a nossa liberdade individual, quando esta se afasta de certos hábitos ou padrões preestabelecidos? E, como de repetente, passamos também a coagir – com estigma e estereótipos – tantas outras formas de ser e viver? O que motiva a prática de certos hábitos/tradições/padrões? Que normas apreendemos e reproduzimos, sem “dar conta”?
E, por vezes, pode ser quando as coisas complicam.
Num mundo cada vez mais globalizado e desigual, existem cada vez mais “padrões” e “normas” que orientam como é que deveríamos sentir, pensar, agir. Como uma fórmula mágica – de preceitos e regras - que determinam o que deve ser ou não ser ajustado, face aos contextos sociais, culturais e económicos vigentes.
Então, quais os limites da nossa liberdade individual? Quais os limites para uma vivência plena? Quantas vezes não nos sentimos presos, sem autonomia e sem capacidade sobre o que realmente necessitamos? E como expressamos esse mal-estar?
Dependendo de tantas variáveis individuais e coletivas, estar em sociedade implica compartilhar um conjunto de regras, padrões e normas e, muitas vezes, o próprio contexto pode impedir a liberdade individual.
É realmente desafiante pensar e compreender quais os limites que definem até que ponto a liberdade de alguém interfere com a liberdade de outra pessoa e como, num efeito borboleta, as implicações podem surgir, de forma comum ou equivalente.
Alguém muito importante disse-me uma vez: “máxima responsabilidade, máxima liberdade”. E para mim é isto: “isto de ser livre”. É ser ou estar responsável pelo que procuro, em certo momento, para mim e/ou bem comum. É ter a clareza da minha real intenção, com foco e determinação, e aceitar as suas consequências, durante esse processo. É assim que me sinto completamente livre – e onde, por breves momentos, realmente estou. Liberdade é tolerância, é apre(e)nder e permitir-me a estar comigo própria.
Quem somos dentro do nosso próprio silêncio?
Por isso, apenas por hoje, pergunte-se: “Qual a minha necessidade?”, “O que eu quero?”, “Qual a minha intenção?" Só olhando para dentro, reconhecendo o que nos afeta, é que podemos abraçar o medo e tudo o resto que nos assusta, por contrariar a "dita normalidade", que tanto nos afasta de nós próprios.
Porque todos somos diferentes e únicos – e essa é a liberdade que não podemos deixar aprisionar.
Cultive o seu autoconhecimento. Com criatividade, possibilite novas escolhas, outras perspetivas, pela possibilidade de poder sentir, pensar e expressar-se de forma diferente.
Permita-se. Tenha liberdade para ser.
Psicóloga Clínica e Investigadora RUMO
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