Com o ritmo acelerado da sociedade atual, em que somos confrontados com constantes solicitações profissionais e familiares nem sempre é possível encontrar tempo, espaço e disponibilidade mental para nos focarmos em nós e prestar atenção às nossas emoções.
As emoções desempenham um papel crucial nas nossas vidas pela informação e orientação que nos fornecem; auxiliando-nos na identificação das nossas necessidades, bem-estar e sobrevivência. As emoções não são algo incomodo do qual nos devemos tentar livrar e ou evitar e, sim algo essencial à condição humana. Pelo que é importante promover a consciência emocional e refletir sobre o impacto das emoções nas nossas vidas, facilitando a sua expressão e aceitação.
Claro que este processo pode ser mais difícil pela complexidade da situação (como por exemplo na depressão e ansiedade) e ser necessário a orientação/intervenção de um profissional de saúde mental. A sociedade de uma forma geral, “exige” que sejamos fortes, competentes e capazes e, não raras vezes, ouvimos pessoas próximas de nós a dizer (claro que com a melhor das intenções): "tens que ser forte, tens que seguir em frente"; "deixa lá, isso passa"; como se não fosse “permitido” estar triste e expressar essa tristeza perante as situações de perdas. Assim, perante emoções negativas, a nossa primeira tendência é tentar eliminar/deixar de a sentir, colocando o foco na forma de a ultrapassar, não dando espaço à expressão da emoção e consequente acolhimento e aceitação desta.
As emoções fornecem-nos informação crucial, por exemplo: o medo informa que estamos perante uma situação de possível perigo, a tristeza que algo importante foi perdido ou um objetivo não foi atingido e a alegria que algo que era desejado foi alcançado. Informações estas essenciais no processo de orientação da nossa estratégia de ação, por forma a assegurar o nosso bem-estar, superação, segurança e sobrevivência.
Para alcançar estabilidade e equilíbrio emocional é fundamental voltar ao local onde ainda dói, na saúde física para tratar uma dor/lesão vamos diretamente ao local onde sentimos essa dor, na saúde mental não é diferente. O foco na consciência emocional ajuda as pessoas a prestar atenção, a estar em contacto com as emoções e a entender o que estamos verdadeiramente a sentir e, consequentemente a encontrar alternativas para lidar com os problemas e superar as dificuldades/desafios.
Mas, tal como podem ser adaptativas, as emoções também podem ser desadaptativas. Por exemplo o medo tanto pode ser uma emoção adaptativa quando perante uma ameaça real de perigo nos preparamos para lidar com ela (evitamento, fuga, luta ou ficar paralisado). Por outro lado, quando baseado em avaliações imprecisas de ameaça/perigo, ou seja, quando se avaliam situações sem potencial de perigo como perigosas e passamos a encará-las e a agir como se de facto estivéssemos perante uma situação de perigo, nestes casos o medo é uma emoção desadaptativa que pode causar sofrimento psicológico e interferir negativamente com o nosso funcionamento.
Psicóloga Clínica e da Saúde RUMO
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